Combater o machismo é tarefa de toda a classe trabalhadora!
Abaixo o racismo e o massacre das mulheres negras!
As mulheres são a maioria da população (51,5%), segundo o censo do IBGE de 2022, mas o Brasil continua sendo um dos países que mais matam mulheres. Foram mais de 47 mil feminicídios entre 2013 e 2023, uma média de 13 por dia. Em 2024, foram registrados 1.492 feminicídios, um aumento de 1% em relação a 2023.
No primeiro semestre de 2025, 718 mulheres foram vítimas de feminicídio, e houve 187 estupros por dia, em média, conforme o Mapa Nacional da Violência de Gênero.
O Atlas da Violência de 2024 também revelou que as mulheres com deficiência sofrem até sete vezes mais violência que homens PCDs. No caso das LBTIs, o Brasil segue como o país que mais matou pessoas trans no mundo nos últimos 16 anos. De acordo com dados do Atlas de 2025, a maioria das vítimas de violência contra a população LGBTI tinha entre 10 e 19 anos e eram pessoas negras. Entre as trans, 62% dos registros de violência foram contra mulheres negras, e entre as travestis, as mulheres negras somaram 48% dos registros.

Segundo um levantamento realizado pela Associação Nacional de Travestis e Transsexuais (ANTRA), os perfis das vítimas são de jovens, pretas, pobres e nordestinas, em sua maioria. Apurou-se, ainda, que a expectativa de vida dessa população é de 35 anos. Esses dados são um dos poucos existentes sobre a violência sofrida pelas mulheres trans, pois a invisibilidade é mais uma forma de violência.
Segundo um artigo da CNN, os registros de violência sexual contra mulheres indígenas aumentaram 258% entre 2014 e 2023, sendo que 50% das vítimas são meninas menores de 14 anos. No total, 79% das vítimas são menores de idade, em comparação a 66% entre toda a população feminina.
Esse quadro reflete a crescente ideologia machista que divide a classe, trata as mulheres como inferiores, tendo como resultante o assassinato de quase 50 mil mulheres no Brasil nos últimos 10 anos.
Todas as mulheres sofrem com o machismo e a violência, mas as mulheres trabalhadoras, principalmente as trans e negras, são as maiores vítimas. E no caso de violência doméstica, elas muitas vezes não têm sequer acesso à rede de proteção, nem condições financeiras para mudar de casa.
Quem se dá bem é a burguesia, que explora a mulher pagando salários mais baixos, extraindo delas uma quantidade maior de trabalho não pago, com jornadas duplas ou triplas, além de outras injustiças. E a ideologia machista é a melhor auxiliar da burguesia para garantir essa exploração.
As mulheres negras são as maiores vítimas de violência
As mulheres negras são maioria no Brasil, e as que mais sofrem com a violência de gênero (61% das vítimas de feminicídio são mulheres negras), com a violência policial, com o desemprego e o trabalho precário e com o desmonte dos serviços públicos. São as que recebem os piores salários, são a maioria das empregadas domésticas (fruto da escravidão), as principais vítimas de violência obstétrica e de morte por aborto clandestino.
A cada dia, o Estado capitalista tenta empurrar as mulheres negras para o silêncio. Mas elas resistem!
A Marcha das Mulheres Negras: marchar contra quem?
Hoje, a Marcha das Mulheres Negras volta a ser disputada por setores governistas que tentam transformar esse ato de luta em palanque eleitoral, assim como em 2015, quando o governo de Dilma utilizou a mobilização das mulheres negras para se blindar politicamente por um lado, enquanto aplicava o ajuste fiscal, por outro.
A marcha acontece em Brasília, e não denuncia o governo Lula, que é hoje o principal responsável pela falta de políticas de combate à violência contra as mulheres em nosso país.
A ultradireita no Brasil existe e é o resultado da combinação entre a profunda crise capitalista e as políticas dos governos de conciliação de classes, que desarmam o povo, frustram expectativas e entregam de bandeja o espaço social para os reacionários. Além disso, as direções dos movimentos sociais e populares, sindicatos e centrais sindicais, espaços ocupados majoritariamente pelo PT, PSOL, PCdoB, PCB, traem a classe trabalhadora, servindo como diques de contenção para as mobilizações e de blindagem do governo. O combate à ultradireita é na rua, não nos gabinetes.
Não marchamos para defender governantes, marchamos para denunciar, organizar e fortalecer a luta das mulheres trabalhadoras em sua própria voz — sem tutela, sem conciliação. Não podemos cair novamente na armadilha da “unidade” com aqueles que governam para os ricos! É hora de retomar a luta, com independência do governo Lula!
Bem-viver para quem?
Tentam nos vender que o “empreendedorismo” ou o “bem-viver” nos libertarão — sem tocar no lucro dos bancos, sem reparação histórica, sem enfrentamento à violência policial e sem questionar o arcabouço fiscal que corta recursos das nossas vidas.
Mas não há bem-viver possível no sistema capitalista, que mata mulheres negras todos os dias!
Nenhum governo teve uma política de real enfrentamento à violência contra a mulher
Nem mesmo nos governos do PT de Lula e Dilma houve avanços em políticas contra a violência às mulheres. Pelo contrário, o governo Dilma investiu apenas R$ 0,25 centavos por mulher. A Lei Maria da Penha não é posta em prática devido à falta de orçamento, em função dos acordos com banqueiros, por conta da falsa dívida pública.
Em 2024, no governo Lula, apenas 14% do orçamento destinado às políticas de enfrentamento à violência contra as mulheres foi executado. Em 2025, isso pirou ainda mais, pois houve um corte de 68%, reduzindo-o de 162 milhões para 52 milhões de reais.
Durante todos os governos do PT houve um total bloqueio à pauta da legalização do aborto, devido aos acordos eleitorais com setores conservadores.
É preciso denunciar o governo Lula e exigir que aumente as verbas destinadas ao combate à violência contra as mulheres.
O Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Violência Contra a Mulher deve ser um momento para denunciar todas as formas de violência — física, psicológica, econômica, policial, racista, LGBTIfóbica, capacitista e machista. Este deve ser um dia principalmente para organizar a luta!
A luta contra a violência machista é internacional!
As mulheres, em diversas partes do mundo, como na Ucrânia e na Palestina, sempre estiveram na vanguarda das lutas e revoluções. Em cenários de conflito, no entanto, são as mulheres e crianças as mais atingidas pela violência, sendo o estupro frequentemente empregado como tática de guerra.
Um exemplo chocante é a situação em Gaza, onde 67 mil palestinos foram mortos em dois anos pelo Estado nazi-sionista de Israel e 70% das vítimas do genocídio são mulheres e crianças.
No mundo todo, a violência contra a mulher atinge proporções alarmantes: dados da ONU de 2023 revelam que mais de 51 mil mulheres foram assassinadas por parceiros ou familiares, uma média de 140 por dia. Ao longo de suas vidas, uma em cada três mulheres será vítima de violência física ou sexual.
Todos esses problemas enfrentados pelas mulheres ao nível mundial são o resultado do sistema capitalista que se aproveita do machismo para dividir e melhor explorar os trabalhadores.
Para acabar com a violência machista-capitalista, é preciso construir a Revolução Socialista.
Defendemos que temos que nos organizar e construir a luta de toda a classe trabalhadora: mulheres e homens, negros, brancos e indígenas, LGBTIs e cis, contra a violência que vitima milhares de mulheres todos os anos. Também é necessário lutar contra todas as formas de opressão que o capitalismo utiliza para nos explorar mais e dividir a nossa classe.
No Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Violência Contra a Mulher, afirmamos:
Toda confiança na força organizada das mulheres trabalhadoras!
Toda confiança na classe trabalhadora unificada!
Junte-se à construção do Movimento por um Partido Revolucionário.
Pelo fim da violência contra as mulheres!
Fim da impunidade! Medidas protetivas, julgamento célere e punição de todos os atos de violência sexual e feminicídios!
Fim do arcabouço fiscal! Investimento em políticas públicas de combate à violência contra as mulheres!
Centros de referência com equipes especializadas, delegacias da mulher 24 horas e casas-abrigo que atendam todos os municípios!
Não à terceirização dos serviços especializados de atendimento a mulheres em situação de violência! Que os equipamentos sejam geridos pelo Estado (e não por OSs e OSCs) com servidores públicos concursados.
Garantia de renda emergencial, moradia e emprego para mulheres em situação de risco!
Organização da autodefesa das mulheres nos bairros!
Legalização do aborto para mais mulheres não morrerem por aborto clandestino, em sua maioria pobres e negras!
O lugar das mulheres trabalhadoras é no MPR!
Para transformar nossa indignação em vitória, precisamos dar o próximo passo, construindo um partido verdadeiramente revolucionário, independente dos patrões e dos governos, que mobilize as massas para derrubar o capitalismo!
Se queremos um futuro sem violência, sem machismo, sem racismo e sem exploração, não basta denunciar: é preciso organizar a revolução socialista!
